Brasil e Austrália são nações novas, localizadas no hemisfério sul e descobertas no mesmo período, na chamada  “Era dos Descobrimentos”. O Brasil foi encontrado pelos portugueses em 1.500 e a Austrália pelos holandeses em 1.606. Os portugueses se apossaram do novo território e os holandeses não. Posteriormente (1.770), a posse e a colonização da Austrália foi reivindicada pelos ingleses e hoje ela é parte da Comunidade Britânica.

Pela lógica, seria pertinente esperar que os dois países evoluíssem simultaneamente, pois ambos têm similaridades quanto à idade do descobrimento, ao tamanho do território e à abundância de recursos naturais. Na verdade, o potencial do Brasil quanto ao aproveitamento do solo para atividades agrícolas é muito superior ao da Austrália, embora a Austrália leve vantagens nas riquezas minerais.

Mas, conforme indicam os índices de desenvolvimento de ambos países, a Austrália aproveitou melhor as oportunidades, se desenvolveu rapidamente e hoje integra o seleto grupo das nações Desenvolvidas. Ostenta o 2º maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Planeta e um PIB/capita superior ao do Reino Unido, da França, da Alemanha, do Canadá ou do Japão. Sua economia teve crescimento médio de 3,6% ao ano nas décadas de 1990 e 2000, ante 2,5% da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Foi o único membro desta Comunidade que não teve recessão na crise financeira de 2008/09 e ostenta o recorde mundial de 27 anos sem recessão (1991 a 2018).

O trem da prosperidade que passou pela Austrália também passou pelo Brasil. A diferença está no aproveitamento das oportunidades feito por ambos os países. Mas cavalo encilhado não passa duas vezes no mesmo lugar, dizem os gaúchos. Com território um pouco menor que o do Brasil (7,7 vs. 8,5 milhões de km²), a população da Austrália é 8,5 vezes menor (24,6 milhões). A taxa de natalidade dos australianos é baixa e o país precisa de imigrantes para ocupar e desenvolver tão vasto território. Sua taxa de desemprego é inferior a 6% e a renda média anual é das mais altas do Planeta: cerca de US$ 54mil/pessoa, ante apenas US$ 16 mil dos brasileiros.

A pergunta que todos gostariam de ver respondida é porque a trajetória de desenvolvimento do Brasil não foi igual ao da Austrália, visto que o potencial de desenvolvimento do Brasil é até superior ao daquele país! Há quem atribua essa diferença econômico-social aos colonizadores de ambos os países, o que não é verdade. Argumentam, os que culpam Portugal pelo subdesenvolvimento brasileiro, à deportação para o Brasil de milhares de presidiários portugueses, os quais tiveram potencial para moldar a sociedade brasileira, a partir dos seus valores.
Mas com a Austrália aconteceu a mesma coisa ou foi ainda pior, pois lá os ingleses utilizaram o território como uma colônia penal, onde os desterrados foram confinados em campos de trabalho forçado. Muitos morreram antes de serem libertados para dar início ao povoamento do novo território.

O que sim deve ter influenciado o melhor desempenho da Austrália ante o Brasil foi a herança recebida dos primeiros legisladores do país. Esses souberam estabelecer as regras do jogo e zelaram pelo seu estrito cumprimento, reprimindo os mal feitos com energia, principalmente a corrupção (mãe de todas as injustiças), porque onde ela vigora, as instituições não funcionam. Vale ressaltar, também, que na Austrália não houve escravidão, ao contrário do Brasil, o que poderia ter afetado negativamente o desenvolvimento da sociedade brasileira.
Há, também, os que questionam o Protestantismo dos ingleses vs. o Catolicismo dos portugueses, onde o primeiro vê como mérito o acúmulo de riqueza por parte do cidadão, enquanto que o segundo vê o acúmulo de riqueza como um pecado. Mas, se isto fosse verdade, porque outras colônias inglesas (Índia, Uganda, Nigéria) não se desenvolveram igual aconteceu com a Austrália?!

A geografia, também, é responsabilizada pelo maior ou menor desenvolvimento de uma nação. Regiões temperadas ofereceriam maior chance de desenvolvimento do que zonas tropicais. Mas a Coreia do Norte, Bielorrússia e Ucrânia localizam-se em climas temperados e são pobres. O Cerrado brasileiro é tropical e é modelo de desenvolvimento sustentável.

Embora 3/4 do território australiano sejam marginal para a produção agrícola (árido ou semiárido), o subsolo australiano é rico em minérios, desde onde extraem 50% do seu PIB. Assim mesmo, o agronegócio constitui parcela importante das suas receitas, concorrendo com o Brasil na exportação de açúcar, de carne bovina e de algodão. Também é grande produtora de trigo, cevada, canola, pulses, frango, lã e produtos lácteos. Quase 70% do volume de commodities agrícolas produzidas na Austrália são exportadas, tendo como destino preferencial os países asiáticos do hemisfério norte, cujas transações são facilitadas pela proximidade dos territórios e pela localização da Austrália no Hemisfério Sul, proporcionando colheita na entressafra dos seus principais compradores.  Sejamos sinceros, o bom funcionamento das instituições foi o principal fator do maior sucesso da Austrália ante o Brasil. O restante são fatores coadjuvantes.

Fonte: https://blogs.canalrural.uol.com.br

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