Trabalhar no ramo de carnes sempre esteve no sangue de Ricardo Sechis. Nascido em Nhandeara, a 513 quilômetros de São Paulo, ele começou como açougueiro no comércio do irmão quando tinha apenas 15 anos. Pegou gosto pelo ramo. Em 1988, começou um negócio próprio, engordando boi para vender a carne. Hoje, aos 58 anos, está à frente da Beef Passion, marca brasileira de carnes sustentáveis que faturou R$ 10 milhões em 2017.

Embora seja usado para definir o tratamento da carne, o termo sustentável é muito mais amplo. O protocolo seguido por Sechis foi criado pela ONG americana Rainforest Alliance e inclui toda a cadeia produtiva: garantia do bem-estar animal, reaproveitamento de dejetos, questões trabalhistas, manejo de pastagem, entre outros.

A carne é apenas o resultado final de 144 normas que precisam ser seguidas à risca para que o produtor consiga receber a certificação. A Beef Passion conseguiu a aprovação pela Rainforest Alliance em 2012.

Criação sustentável

Quando começou a trabalhar no setor, no final da década de 80, Sechis já se preocupava com o tratamento oferecido aos animais – valor que diz ter aprendido com o pai. “É preciso ter respeito pela vida do gado. Temos que oferecer o melhor tratamento”, conta.

Segundo o empresário, seu rebanho é manejado com as mãos e de forma tranquila. “Eles confiam na gente, porque agimos como cuidadores. Por isso, fazem questão de estar sempre por perto”.

Além do manejo, a alimentação usada pela empresa também é específica: a ração tem alta concentração energética e foi desenvolvida exclusivamente pela Beef Passion, com base em estudos nutricionais realizados com a Unesp.

O composto, formado por silagem e outros grãos, é produzido dentro da própria fazenda e oferecido em quatro refeições dosadas ao longo do dia. Dessa maneira, a ração não sobra no cocho, ficando velha e perdendo seu valor nutritivo.

A alimentação diferenciada reduz a produção de hidrogênio pelo trato digestivo dos animais, o que diminui a formação de gás metano – prejudicial à camada de ozônio. Segundo Sechis, a Beef Passion conseguiu reduzir em 43% sua taxa de emissão.

Abate

O empresário garante que não há nenhum tipo de maus-tratos no momento do abate. Para evitar que o animal fique estressado, eles tocam o som de um berrante em todo o trajeto. A música é a mesma ouvida diariamente no momento das refeições. Por condicionamento, eles acabam associando o som a um momento prazeroso (se alimentar) e se movimentam com tranquilidade.

O gado é abatido de acordo com seu nível de desenvolvimento. Animais jovens são mantidos no pasto para atingir a maturidade dentro do tempo adequado e com qualidade. “Não abatemos bois jovens. É preciso esperar o período certo para que a fibra esteja madura”. Via de regra, os animais vivem de dois a três anos, dependendo da raça.

Somada à idade, é feita ainda uma análise da carcaça para confirmar se o momento é o ideal. “Fazemos exame de ultrassonografia, que indica se o animal tem ou não uma boa fibra”, explica. O abate em si é feito pelos métodos já tradicionais: com um tiro de ar comprimido na testa, o animal é totalmente dessensibilizado e não sente mais dor.

O cuidado na produção e seleção da carne da Beef Passion tem reflexo direto no seu preço final: ela é 80% mais cara do que as demais opções do mercado.

Fonte: revistapegn.globo.com

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