Não é de hoje que o plantio de aipim faz parte da vida do casal Euclides Inácio Wildner, 60 anos, e Márcia Beatriz Jaeger Wildner, 56 anos, moradores do Centro. No caso dele, o cultivo de mandioca já é feito há, pelo menos, 35 anos. Inicialmente, o mercados de venda eram as Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS) e os supermercados de Porto Alegre, por meio dos chamados atravessadores, que fazem o intermédio da venda entre os agricultores e os centros comerciais.

 

Além disso, eles costumavam vender aipim congelado para familiares. Entretanto, há cerca de um ano, o casal começou a perceber no cultivo de aipim a oportunidade de diversificar. Foi nesse momento que surgiu a ideia de iniciar os testes para produzir bolinhos de aipim recheados. O filho, Luan Karlo Wildner, engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), foi quem incentivou os pais a empreenderem no ramo. Em junho, a família também começou a experimentar a produção de chips de aipim.

Hoje, Euclides e Márcia estão na fase final do processo de legalização da agroindústria Horta e Sabor, a primeira de Mato Leitão a trabalhar apenas com produtos derivados de aipim. Para concluir o processo burocrático, o casal ainda aguarda a realização da última vistoria pela equipe da Vigilância Sanitária de Santa Cruz do Sul.

Lavoura própria

São dez hectares dedicados ao cultivo de mandioca, que já foram plantados e devem começar a ser colhidos na metade de março do ano que vem. Para o casal, o fato de ter lavoura própria colabora para conhecerem a qualidade do produto que está sendo oferecido ao cliente final. Além disso, garante a oportunidade de testar cultivares que melhor se adaptam para cada um deles.

 

A receita do bolinho foi preparada pelo filho Luan com a ajuda da namorada. “Já tínhamos o espaço e a matéria-prima. Foi uma surpresa o sucesso da agroindústria e a aceitação dela no município”, relata Márcia, que é professora aposentada.

Eles continuam vendendo o aipim in natura e já oferecem para clientes da Cidade das Orquídeas embalagens de aipim congelado, bolinhos de aipim recheados nos sabores carne, queijo, calabresa e frango, e chips de aipim. Eles também comercializam os itens na Feira do Produtor Rural, que ocorre semanalmente na rua coberta, ao lado do Colégio Estadual Poncho Verde.

Para o próximo ano, os empreendedores rurais projetam mais inovações. Segundo Márcia, um dos planos é começar a produzir palitos de aipim pré-fritos e crispy de aipim. Além disso, eles pretendem contratar funcionários para auxiliarem com o trabalho na agroindústria, tendo em vista o aumento da demanda.

Entre as atividades agrícolas de maior representatividade

O extensionista rural do escritório municipal da Emater, Rudinei Pinheiro Medeiros, destaca que o aipim está entre as principais atividades agrícolas de Mato Leitão em retorno financeiro. Hoje, há uma área de cultivo no município de aproximadamente 150 hectares. Para ele, o fato dos produtores apostarem na criação da agroindústria ressalta o potencial da cultura, não apenas para a venda da raiz in natura.

 

“Mostra que pode ter outras finalidades. É uma cultura com grande expressão e isso agrega valor a ela. Já é muito trabalhada a questão do aipim congelado, então essa é uma forma de diversificar no mercado dentro desse segmento, oferecendo produtos que não são tão comuns”, salienta.

De acordo com Medeiros, o aipim é uma atividade que se mantém estável no município. “Mesmo quando o preço pago pela caixa estava baixo os produtores continuaram”, comenta. Para ele, uma das dificuldades para os agricultores é encontrar mão de obra, tendo em vista que o trabalho é manual e exige muita força.

“Há uma tradição aqui no município de cultivar o aipim. Além disso, é uma cultura de baixo custo, se comparada com o grão, por exemplo. Mato Leitão também tem as condições perfeitas para a cultura, como a terra vermelha.” RUDINEI PINHEIRO MEDEIROS – Extensionista rural da Emater

 

Saiba mais

• Os tipos mais comuns de aipim plantados na Cidade das Orquídeas são o vassourinha – que é o principal em termos de comercialização -, o pronta mesa e o chamado gema de ovo ou amarelinho.

• As vendas acontecem, especialmente, para a Ceasa e para atravessadores, que fazem intermédio da venda com os mercados de Porto Alegre.

Fonte: AGROLINK

Please follow and like us:
Facebook
Instagram
×