A população mundial vem apresentando um interesse crescente por uma alimentação saudável, destacando-se a procura por alimentos funcionais. Entre os mais visados estão os alimentos funcionais contendo probióticos, principalmente produtos lácteos fermentados. Os probióticos, que são definidos como “micro-organismos vivos que, quando utilizados em quantidades adequadas, conferem benefícios para a saúde do indivíduo”, possuem como principais efeitos benéficos a modulação do sistema imune e atividade anti-inflamatória (GRANATO; NUNES; BARBA, 2017; FAO/WHO, 2001; KIM et al., 2012).

A microbiota intestinal tem um impacto importante na modulação das respostas imunes por meio de sua relação com as células imunológicas e interação com o sistema nervoso central, uma vez que aproximadamente oitenta por cento das células imunes estão associadas ao intestino. Alterações na composição desta microbiota estão relacionadas com doenças inflamatórias intestinais. Para auxiliar na manutenção de uma microbiota intestinal saudável, os probióticos estão sendo propostos como medidas preventivas e terapêuticas. A interação favorável com o trato gastrointestinal e seu potencial na atividade imunomodulatória tem tornado os probióticos alvo de estudos, que objetivam elencar seus benefícios relacionando-os com efeitos anti-inflamatórios (JUNGERSEN et al., 2014; KAMADA et al., 2013).

As doenças inflamatórias intestinais (Inflammatory Bowel Disease – IBD), representadas principalmente pela doença de Crohn e colite ulcerativa, são distúrbios inflamatórios crônicos que afetam o trato gastrointestinal, e apresentam uma alta prevalência e incidência mundial. O processo inflamatório nessas doenças está associado com um desbalanceamento da microbiota intestinal e consequente alteração de sua função imunológica. Dessa forma, os efeitos benéficos dos probióticos surgem para auxiliar na manutenção da homeostase intestinal por meio de mecanismos multifatoriais. Entre eles, estão:

  • a capacidade de manutenção do equilíbrio da microbiota e da homeostase intestinal, que estão relacionados com a secreção de substâncias antimicrobianas;
  • a adesão competitiva à mucosa e ao epitélio, inibindo os micro-organismos patogênicos;
  • e o fortalecimento e manutenção da barreira epitelial intestinal (BERMUDEZ-BRITO et al., 2012; PLAZA-DÍAZ et al., 2017).

As IBD são foco de diversos estudos por estarem associadas à um risco maior de desenvolvimento de câncer, principalmente o câncer colorretal, que é responsável por um número expressivo e crescente de casos, e uma das principais causas de óbitos na população a nível mundial. Como o desenvolvimento do tumor está diretamente relacionado a inflamação crônica, e os probióticos possuem capacidade de atenuá-la e preveni-la, provavelmente cepas probióticas que apresentarem tais mecanismos também terão efeitos na prevenção do desenvolvimento do câncer colorretal e auxiliarão na prevenção, tratamento e melhora dos sintomas das IBD.

Nesse contexto, pesquisadores vêm desenvolvendo estudos que visam utilizar probióticos com a finalidade de promover uma composição equilibrada da microbiota intestinal e um sistema de vigilância imunológica suficiente como forma de prevenir as IBD e consequentemente o câncer colorretal (DOS SANTOS et al., 2017; KERN et al., 2017; KICH et al., 2016).

Referências bibliográficas

BERMUDEZ-BRITO, M. et al. Probiotic mechanisms of action. Annals of Nutrition and Metabolism, v. 61, n. 2, p. 160–174, 2012.

DOS SANTOS, R. M. et al. Doença inflamatória intestinal: Perfil do paciente em tratamento ambulatorial. Arquivos de Gastroenterologia, v. 54, n. 2, p. 96–100, 2017.

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS – FAO; WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO. Health and Nutritional Properties of Probiotics in Food Including Powder Milk With Live Lactic Acid Bacteria. Córdoba, 2001.

GRANATO, D.; NUNES, D. S.; BARBA, F. J. An integrated strategy between food chemistry, biology, nutrition, pharmacology, and statistics in the development of functional foods: A proposal. Trends in Food Science and Technology, v. 62, p. 13–22, 2017.

JUNGERSEN, M. et al. The Science behind the Probiotic Strain Bifdobacterium animalis subsp. lactis BB-12®. Microorganisms, v. 2, p. 92-110, 2014.

KAMADA, S.U., SEO, G., CHEN, Y., NUNEZ, G. Role of the gut microbiota in immunity and inflammatory disease. Nature Reviews Immunology, v. 13, n. 5, p. 321–335, 2013.

KERN, M. et al. Altered Cytokine Expression and Barrier Properties after In Vitro Infection of Porcine Epithelial Cells with Enterotoxigenic Escherichia coli and Probiotic Enterococcus faecium. Mediators of Inflammation, v. 2017, 2017.

KICH, D. M.; VINCENZI, A.; MAJOLO, F.; SOUZA, C. F. V.; GOETTERT, M. Probiotic: effectiveness nutrition in cancer treatment and prevention. Nutricion Hospitalaria, v. 33, n. 6, p. 1430–1437, 2016.

KIM, C. H.; KIM, G. H.; KIM, J. Y.; KIM, N. R.; JUNG, P. J.; JEONG, J. H.; CHUNG, D. K. Probiotic genomic DNA reduces the production of pro-inflammatory cytokine tumor necrosis factor-alpha. FEMS Microbiology Letters, v. 328, n. 1, p. 13–19, 2012.

PLAZA-DÍAZ, J. et al. Evidence of the anti-inflammatory effects of probiotics and synbiotics in intestinal chronic diseases. Nutrients, v. 9, n. 6, 2017.

Fonte: https://www.milkpoint.com.br

Please follow and like us:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Facebook
Instagram
×