O método mais eficiente para recriar uma floresta tropical desmatada talvez não envolva o plantio de milhares de mudinhas de árvores, mas simplesmente deixar que a natureza faça o seu trabalho.

Essa mensagem aparentemente paradoxal é a principal conclusão de um estudo recém-publicado por pesquisadores brasileiros no periódico “Science Advances”.

Ao analisar os dados de 133 estudos já publicados sobre restauração florestal mundo afora, eles verificaram que, na maior parte dos casos, a intervenção humana direta é menos eficiente do que os processos naturais de regeneração da mata.

“O nosso trabalho indica que permitir esse processo é mais barato do que planejar o replantio da floresta e pode dar mais retornos ambientais em muitos casos”, diz Renato Crouzeilles, do Instituto Internacional Para Sustentabilidade (RJ) e um dos autores do estudo, que contou ainda com cientistas da UFRJ, PUC-RJ e outras instituições do Brasil e do exterior.

Tentar recriar uma floresta custa caro: entre US$ 1.400 e US$ 34 mil por hectare, dependendo do local e do método utilizado, segundo os autores da pesquisa.

Esse dispêndio tende a ser mais do que recompensado anos mais tarde pelos chamados serviços ambientais da mata, mas não é simples levantar os fundos iniciais para esse tipo de projeto.

O estudo mostrou que, no que diz respeito à recuperação da biodiversidade, a eficácia da regeneração natural foi de 34% a 56% superior à da restauração ativa.

No caso da recomposição da estrutura da vegetação (a “escadinha” natural na mata, desde árvores altas com enormes copas até pequenos arbustos), a primeira estratégia teve eficácia de 19% a 56% maior que a segunda.

Caso a caso

Embora esse seja o quadro geral, as condições locais também influenciam sucessos e fracassos. Ambos os tipos de recuperação da mata funcionam melhor em áreas nas quais chove mais, onde a destruição da mata original não foi tão severa e quando o processo de reconstrução do ambiente teve mais tempo para se desenrolar.

“Em algumas áreas, com um distúrbio e um uso da terra pelo homem muito intenso, o único caminho acaba sendo o plantio completo”, ressalta Crouzeilles.

Fonte: www.gazetadopovo.com.br

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