Nelson Paludo*

Nelson PaludoEm meio às más notícias que rondam a economia brasileira, o agronegócio se destaca como um setor que, apesar da crise, ainda mostra crescimento. De acordo com dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em janeiro de 2016, se não for prejudicada pela irregularidade das chuvas e pelo ataque de pragas, a safra brasileira 2015/2016 de grãos poderá fechar com uma produção recorde de 204,5 milhões de toneladas, superando em 1,54% a de 2014. Se as projeções se confirmarem, o valor bruto da produção agropecuária, em 2015, deverá atingir o recorde de 478 bilhões de reais. Os dados divulgados pela Conab indicam que a estimativa da área a ser colhida é de 58,5 milhões de hectares, com alta de 0,9% frente à colhida em 2014.

O agronegócio é responsável pelas fibras da indústria do vestuário, pela matéria-prima para produção de energia e, principalmente, pelos alimentos que abastecem o mercado interno e cujos excedentes são exportados. O setor contribui de maneira decisiva para a economia do País. Isso tem acontecido com a eficiência necessária graças à incorporação de novas tecnologias, imprescindíveis para o gradual aumento da produtividade no campo, sobretudo, na produção de grãos.

Nesse cenário, duas culturas se destacam. Soja e milho respondem por 82,8% da produção total de grãos do País. Segundo a Conab, a produção de soja da safra 2015/2016 deverá superar a do ano passado em 6,1%, atingindo 102,4 milhões de toneladas. Já para o milho (1ª e 2ª safras), são esperadas 82,3 milhões de toneladas, pequena queda em relação a 2014. Não por acaso, para essas duas culturas que representam os carros-chefe da agricultura brasileira, a biotecnologia está disponível. Sem a proteção conferida pelas sementes geneticamente modificadas (GM) de soja e milho, seria improvável que os produtores conseguissem evitar que os insetos que atacam as lavouras comprometessem esse desempenho.

Embora a tecnologia seja uma aliada incontestável, é fundamental reconhecer o mérito dos produtores rurais que manejam adequadamente as lavouras transgênicas que expressam proteínas inseticidas, também conhecidas como Bt. O uso sustentável dessa tecnologia é dependente da implementação de um programa efetivo de Manejo da Resistência de Insetos (MRI). O plantio de refúgio (cultivo de uma parcela da área com plantas não-Bt para a manutenção da população de insetos suscetíveis) é a principal ferramenta dos programas de MRI e tem sido efetivo em retardar a resistência de pragas.

Para mantermos o excelente desempenho da agricultura brasileira, em especial das culturas de soja, milho e algodão, devemos reconhecer o produtor que está atento às recomendações técnicas e estimular programas de educação e extensão rural com vistas à multiplicação dessa prática. A equação do agronegócio só será bem-sucedida se toda a cadeia produtiva estiver engajada na adoção de práticas agronômicas que visem a sustentabilidade da tecnologia. Essa estratégia é essencial pois o desenvolvimento de uma semente com novas características não acompanha a velocidade dos desafios do campo.

Dessa maneira, a postura empreendedora do agricultor brasileiro de sucesso vai além da aquisição de sementes, insumos e maquinário; inclui comprometimento com performance geral no campo, foco no aumento da produtividade e empenho na conservação ambiental. A despeito das dificuldades, o produtor revela que a adoção de boas práticas agronômicas e o investimento em tecnologia e recursos humanos são a chave para uma agricultura competitiva.

* Produtor rural no oeste do Paraná e presidente do Sindicato Rural de Toledo.

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