O estado de Sergipe está imerso em uma situação climática extremamente anômala, configurando um cenário de perplexidades e de incertezas quando se experimenta forte ausência de chuvas durante as estações outono-inverno, normalmente as mais chuvosas no território sergipano.

A se manter tal situação, estabelece-se mais um ano de dificuldades nos campos e nas cidades, desta feita não somente no semiárido, mas em todo o Estado.

A par desta realidade e considerando as perdas já ocorridas com o milho, o principal produto agrícola na atualidade, as mais otimistas estimativas contabilizam frustração da ordem de setenta por cento, podendo chegar até mesmo a noventa por cento de um produto que serve como base alimentar para outras cadeias produtivas tais como a do leite, carne, de suínos e aves, além do consumo humano direto.

A pecuária vem sendo fortemente afetada pela redução expressiva do volume d’água nos reservatórios, pela falta de milho para a produção de forragem, bem como pelas pastagens em vias de degradação.

Por conta de tal situação é que, mesmo sem ter nenhum caráter apocalíptico, é mister reconhecer e salientar que esta realidade se prenuncia como crítica.

Por via de consequência, centenas de produtores de milho, juntamente com os segmentos de revendedores de insumos e máquinas, tomaram a iniciativa de realizar uma reunião em Itabaiana, contando com as presenças de representantes do Governo, do Poder Legislativo, agentes de crédito oficiais, e também desta AEASE, fruto da qual foi redigida a Carta de Itabaiana, sendo essa a primeira incursão visando a uma somação de esforços para mitigação dos efeitos desta anomalia climática.

Esta Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe – AEASE, entidade mater de representação da categoria agronômica e totalmente sintonizada com o desenvolvimento agropecuário, considerando que nunca é cedo para se tratar com a profundidade e a diligência que o caso em foco requer, podendo mesmo a vir a afetar, não somente a economia agropecuária, mas a todo o contexto socioeconômico sergipano, vem tomar a iniciativa, a título de somação, de alertar os Poderes Públicos e a sociedade em geral para a tempestiva e impostergável necessidade de convergência de esforços emergenciais, que se evidencia nos seguintes pontos:

a) Convocação pelo Governador do Estado, de todas as entidades públicas que fazem interface direta ou indireta com as esferas dos governos federal, estadual, representantes das associações regionais de prefeitos, associações de produtores, agentes financeiros oficiais, para a definição de uma tomada de ação imediata, com a clara assunção de papéis de cada ente a ser envolvido nesse esforço;

b) Sensibilizar o Governo Federal através da bancada sergipana no Congresso Nacional, para a imediata abertura e liberação de recursos emergenciais e também para obras estruturantes;

c) Ação imediata da Defesa Civil junto aos municípios, para criar um canal de facilitação para declaração de Situação de Emergência, quando for o caso; 

d) Ação imediata dos agentes financeiros na realização de perícias para agilização da deflagração do processo de concessão do PROAGRO, sem prejuízos maiores para o aproveitamento da matéria verde residual para forragem;

 e) Abertura de novas linhas de crédito para aquisição de ração e forragem para os rebanhos e criatórios intensivos;

 f) Aproveitamento dos perímetros públicos estaduais, quando for possível, para a produção de forragem, (gramíneas de corte);

 g) Sensibilizar o Governo Federal para ampliação do turno de energia Tarifa Verde das vinte e uma horas até às seis da manhã, passando a valer até às oito da manhã, a fim de se reduzir as despesas com energia elétrica, visando à produção de forragem;

 h) Sensibilizar o Governo Federal para disponibilizar milho e soja dos estoques reguladores do Centro Oeste para os estados do Nordeste;

 i) Incrementar estudos para a implantação do Programa Pontos de Água, que consiste na construção de adutoras, a partir do rio São Francisco, para distribuição de água para pontos com caixas d’água a cada dez quilômetros, com vistas a diminuir os custos para os produtores;

 j) Dotar a COHIDRO de adequada capacidade operacional (mão-de-obra e insumos), visando ampliar a ação de perfuração de poços, com a finalidade de melhor atender as necessidades de abastecimento humano e dessedentação animal.

 

Aracaju, 24 de Agosto de 2016.

A Diretoria

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